Empresa de Dourados devolveu R$ 90 mil a diretores da FFMS

CAMPO GRANDE NEWS


Policial do Gaeco entra na Invictus Camisetas, em Dourados, segunda-feira (Foto: Leandro Holsbach)

A denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), que levou a prisão do presidente da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) Francisco Cezário de Oliveira, 77, apontou um suposto esquema de “rachadinha” entre a federação e a fornecedora de uniformes Invictus Sports (com sede em Dourados), financiado com verbas públicas.

De acordo com o site Campo Grande News, o Gaeco fundamentou os pedidos de prisão do “mandachuva” do futebol sul-mato-grossense e outras 6 pessoas ligadas à federação em vasta documentação obtida por meio de interceptações telefônicas e quebras de sigilo bancário, autorizadas pela Justiça e mantidas em sigilo por razões evidentes. As investigações abrangem dados desde 2018, com monitoramentos realizados até 2023, revelando depósitos suspeitos nas contas dos investigados.

Segundo a denúncia, a Invictus Sports, fornecedora de uniformes das principais equipes de MS, de propriedade formal de Patrícia Gomes de Araújo, mas controlada de fato por Marco Antônio de Araújo (presidente do Dourados Atlético Clube), recebeu mais de R$ 750.000,00 da FFMS entre 2018 e 2022.

Durante o mesmo período, a empresa transferiu mais de R$ 90.000,00 para a conta do delegado de jogos da federação, Aparecido Alves Pereira, o Cido, evidenciando o esquema de desvio de recursos.

Em uma conversa registrada em 9 de fevereiro de 2023, Rudson Bogarim Barbosa, gerente de T.I da FFMS, informa a Cido sobre a chegada de fundos pagos pelo Governo do Estado em forma de fomento. Na conversa, Cido menciona que Umberto Alves Pereira, o “Betão” planejava pagar "Marcão", proprietário do Invictus Sports, imediatamente, com um montante de R$ 165.000,00.

 

No dia seguinte à conversa, a Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul transferiu R$ 194.500,00 para a Invictus Sports em duas transações, uma de R$ 165.000,00 e outra de R$ 27.500,00, exatamente conforme acertado na conversa interceptada entre Aparecido e Rudson.

A quebra de sigilo bancário corroborou essas transações, revelando que em 9 de fevereiro de 2023, o Governo do Estado transferiu R$ 1.014.490,00 para a FFMS, que no dia seguinte repassou R$ 194.500,00 para a Invictus Sports.

Equipes do Gaeco cumpriram mandado de busca e apreensão na unidade Invictus Camisetas na Rua José de Alencar com Oliveira Marques, em Dourados. Marco Antônio de Araújo, o Marcão, acompanhou as buscas e teve o celular e documentos apreendidos.

Em nota, a empresa informou ser prestadora de serviços da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul e que tem nota fiscal do material fornecido e dos pagamentos recebidos em conta corrente.

Conforme as investigações do Gaeco Aparecido Alves Pereira (Cido), Francisco Cezário de Oliveira, Francisco Carlos Pereira, Marcelo Mitsuo Elzoe Pereira, Umberto Alves Pereira, Valdir Alves Pereira e Rudson Bogarim Barbosa, todos presos preventivamente, formavam a organização criminosa dedicada ao peculato, lavagem de dinheiro, falsidade e outros delitos correlatos, utilizando a FFMS para desviar dinheiro público. A quebra do sigilo bancário dos envolvidos revelou que o desvio de verbas ocorria de forma sistemática desde pelo menos 2018, possivelmente até o presente momento. 



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