Juíza recebe denúncia contra grupo de deputado ligado ao jogo do bicho

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Entre réus, está o deputado estadual Neno Razuk (Foto: Alems)

A juíza May Melke Amaral, titular da 4ª Vara Criminal em Campo Grande, recebeu a denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) contra 15 investigados na operação “Successione”.

A investida foi deflagrada no ano passado contra um grupo acusado de agir de forma violenta para tentar tomar o controle do jogo do bicho na capital de Mato Grosso do Sul e assumir o “espólio” deixado pela operação Omertà, que levou para a cadeia integrantes da família Name, antes conhecida por dominar o jogo de azar.
Entre os agora réus, está o deputado estadual Neno Razuk, o que faz com que a ação tenha um caminho diferente. Além de notificar as defesas para responder às acusações, a juíza também oficiou a Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul). O Poder Legislativo tem a prerrogativa de decidir se vai autorizar o andamento do processo em relação ao parlamentar ou se pedirá a sustação.
A denúncia foi protocolada em 19 de dezembro de 2023, e aguardou o retorno da juíza de férias para ser apreciada
As 15 pessoas são acusadas pelo Gaeco de “constituir uma organização criminosa dedicada à prática dos crimes de roubo majorado, exploração de jogos de azar, corrupções, entre outros”.
Entre os denunciados, há policiais militares reformados, empresários e outras pessoas que serão comandadas por Neno Razuk, segundo a denúncia.

Confira o nome de todos os denunciados:
Roberto Razuk Filho (Neno Razuk)
Carlito Gonçalves Miranda (ex-policial militar)
Diego Sousa Nunes (era assessor de Neno na Alems)
Diogo Francisco (Barone)
Edilson Rodrigues Ferreira (Mentirinha)
Major PM reformado Gilberto Luís dos Santos (Coronel, G.Santos ou “Barba”)
Sargento reformado Manoel José Ribeito (Manelão) (era assessor de Neno Razuk)
José Eduardo Abdulahad (Zeizo, Zenzo ou apenas Z) – foragido
Júlio Cesar Ferreira dos Santos
Luiz Paulo Bernardes Braga – foragido
Mateus Júnior Aquino
Taygor Ivan Moretto Pelissari
Tiano Waldenor de Moraes – foragido
Valnir Queiroz Martinelli (Cebola)
Wilson Souza Goulart (“Neguinho”)
O estopim da operação foi a descoberta de 700 máquinas de registro de aposta do jogo do bicho em Campo Grande, em outubro do ano passado.
Dez pessoas que são alvos da ação do Gaeco estavam no lugar, entre elas dois assessores diretos de Neno Razuk na Assembleia, que foram exonerados.
A reportagem fez contato com a defesa de Neno, no número de telefone do próprio deputado, e não obteve retorno.

Entenda o caminho em relação ao deputado
O encaminhamento em relação a Neno Razuk é o mesmo que foi dado ao caso do deputado estadual Jamilson Name (PSDB), que é réu na Omertà. No caso de Jamilson, os parlamentares, por 18 votos a 2, chegaram a rejeitar medidas cautelares impostas pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal, onde correm ações da operação Omertà, mas o juiz acabou decidindo contrariamente.

Jamilson usou tornozeleira por um mês e ficou impedido de sair à noite. Ele segue como réu em duas ações derivadas da ofensiva do Gaeco, apontado como um dos chefes de organização criminosa que usava empresa de fachada, um título de capitalização, para lavar dinheiro vindo do jogo do bicho.

O deputado nega todas as denúncias e diz que nunca se envolveu com ações ilegais.



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