Oficial acusado de mandar agredir jornalista é denunciado por peculato e falsidade ideológica


Caso aconteceu no dia 2 de junho; Foto: Divulgação

O tenente-coronel da PM (Polícia Militar), José Roberto Nobre de Souza, acusado de mandar agredir o jornalista Sandro de Almeida, em Nova Andradina, no dia 2 de junho de 2023, foi denunciado por peculato e falsidade ideológica.

A denúncia foi formalizada no dia 25 de setembro pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

Conforme o Ministério Público, o oficial é investigado por uso de viatura policial para atividades particulares. “[...] TC José Roberto passou a utilizar-se da viatura, para fins pessoais e realizava o abastecimento com o cartão da rede Taurus ou, ainda, determinava a um subordinado que realizasse o abastecimento, portanto, desviava o combustível fornecido pelo Estado para as viaturas em serviço e utilizava para fins particulares, em proveito próprio”, diz um trecho da denúncia.

Consta ainda que José só deixou tal prática quando foi instaurado Procedimento Investigatório Preliminar portaria nº 14/PIP/CORREG/PMMS/2021, em 08 de setembro de 2021.

Na ação o promotor do caso também destaca que o militar subscreveu o Ofício nº 180/TRANSITO/8ºBPM/CPA-1/PMMS/2021, de 27 de setembro de 2021, ao mesmo destinatário, solicitando o cancelamento de sete autos de infração de trânsito (f. 70/76), sob a mesma justificativa falsa (f. 67/68).

“Cumpre destacar que, neste ofício de teor falso, o denunciado solicitou o cancelamento de duas multas registradas quando ele já estava na posse da viatura e cinco multas registradas quando a viatura ainda pertencia ao Batalhão de Choque e, todas, sob a mesma falsa justificativa de utilização na operação Hórus”, aponta a denúncia.

Outra denúncia que pesa contra o tenente-coronel é de assédio sexual contra uma colega de farda em Nova Andradina. O crime teria ocorrido no início de dezembro do ano passado, durante uma confraternização entre os militares, como mostrado pela reportagem.

Apesar da denúncia ter sido arquivada pela Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, com base em análises da Corregedoria da PM, o MPMS discordou da decisão e determinou a abertura de procedimento investigativo.

“Em relação à denúncia de assedio isso já foi alvo de apuração militar e já foi esclarecido deveras vezes. Infelizmente existe pessoas com ideais e vontades não muito republicanas e com interesse em disseminar informações falsas”, justificou o oficial da PM à época quando contatado pelo site.

Agressão ao jornalista

O jornalista Sandro de Almeida Araújo, de 46 anos, denunciou quatro policiais que o perseguiram e agrediram na manhã do dia 2 de junho. Segundo o comunicador, o quarteto teria dito que ele seria o responsável por espalhar faixas na cidade “comemorando” a saída de um comandante.

Sandro disse que estava dirigindo para retornar para sua casa, quando dois veículos descaracterizados, um Renault Sandero e uma caminhonete L-200, com dois homens em cada um, teriam começado a persegui-lo.

Em nenhum momento, segundo o profissional, os ocupantes dos carros se identificaram como policiais militares ou tinham qualquer identificação visual, além de não estarem fardados. O jornalista afirmou que, só depois, tomou conhecimento de que seriam policiais militares lotados na cidade de Nova Andradina. À polícia na delegacia, ele disse ter sofrido abuso de autoridade, já que não havia mandado de prisão contra ele.

O jornalista fala que foi agarrado, agredido e impedido pelos quatro supostos policiais a entrar em sua casa. Ele afirmou que, temendo por sua vida, seguia até a frente de sua residência, onde possui câmeras de segurança.

No vídeo é possível ver o momento em que os homens vistoriam o carro da vítima. Ele disse ter sido jogado no chão e imobilizado com um golpe de mata leão.

Sandro ainda afirmou que acredita que houve crime de tortura contra ele para que dissesse que era o responsável pelas faixas e fogos. O caso foi registrado como “constranger o preso mediante violência a produzir prova contra si mesmo” e “submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei”.

 

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