HISTÓRIA
Há dez anos morria no Hospital Evangélico o ex-prefeito Ari Artuzi, vítima de câncer
Há exatos dez anos, uma das figuras mais polêmicas da política de Dourados, o ex-prefeito Ari Valdeci Artuzi, falecia aos 50 anos, após uma intensa luta contra um câncer no intestino entre os anos de 2011 e 2013. Artuzi renunciou ao cargo em dezembro de 2010, após os escândalos da Operação Uragano, que prendeu políticos, empresários e servidores municipais deixando o município nos holofotes nacionais.
Artuzi foi internado no dia 1º de novembro de 2011 reclamando de fortes dores na região do abdome. Ele acreditava se tratar de uma apendicite, mas durante os procedimentos foi detectado o tumor no colo retal.
Na época ele foi submetido a intervenção cirúrgica e foi necessária a retirada de parte do intestino grosso. O ex-prefeito passou por sessões de quimioterapia, que não impediram a evolução da doença, levando a nova internação em março de 2013.
O ex-prefeito voltou a ser internado em junho daquele ano com fortes dores e, após novos procedimentos cirúrgicos, foi encaminhado à UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Evangélico.
Desde então foram várias idas e vindas ao hospital, até que por volta das 22h30 do dia 23 de agosto de 2013, Artuzi foi à óbito. Após velado em Dourados, o corpo do ex-prefeito foi levado para o Rio Grande do Sul, seu estado natal, onde foi enterrado.
‘AJUDA EU’
Natural de São Valentim, interior do Rio Grande do Sul, ao chegar à maior cidade do interior do Mato Grosso do Sul em 1992, se embrenhou na política e foi trabalhar como cabo eleitoral do tio, Dioclécio Artuzi, nas eleições do mesmo ano em 1996.
Quatro anos depois, já com bastante conhecimento no município – foi presidente da associação de moradores do Jardim Canaã I - se candidatou a uma vaga no Legislativo douradense e conquistou o primeiro mandato como vereador.
Dois anos depois foi eleito deputado estadual, sendo reeleito em 2006. Na época, a cada entrega de obras, visitas ou grandes eventos realizados no município, ele cumprimentava as pessoas afirmando, ‘vou ser prefeito desta cidade’, para em seguida soltar o famoso ‘Ajuda eu’.
POLÊMICAS
Com o fim do governo Tetila em 2008, após dias de acusações, dúvidas e brigas entre os candidatos, Artuzi, foi eleito prefeito da maior cidade do interior do Mato Grosso do Sul, com 34.920 votos (42,38% dos válidos), à frente de Murilo Zauith com 32.068 votos (37,94% válidos) e Wilson Biasotto, com 17.553 (20,74% dos votos válidos).
Logo surgiram reclamações e escândalos internos começavam a vazar. Sete meses depois de assumir a prefeitura, o prefeito enfrentava a primeira crise.
Em uma operação, Artuzi viu assessores e ex-secretários presos.
Em novembro de 2009, seu sigilo bancário foi quebrado como parte das investigações do processo e também por irregularidades na saúde. No dia 14 de agosto, durante entrevista a uma emissora de rádio local, o então prefeito declarou que em seu mandato, os trabalhos eram feitos por ‘gente branca’.
Em posse da gravação das palavras de Artuzi, uma ação foi encaminhada ao MPE (Ministério Público Estadual).
Na ocasião, segundo o Promotor de Justiça João Linhares Jr., ele teria praticado o racismo, ofendendo a honra subjetiva dos afrodescendentes. "Nóis temu fazenu serviço de genti branca; serviço de genti" (sic), teria dito, segundo o processo.
Em março deste mesmo ano, a Justiça acatou todos os pedidos do Ministério Público na ação, considerando-a integralmente procedente e decretou a prisão do ex-chefe do Executivo, porém ele recorreu da decisão e continuou em liberdade.
OPERAÇÃO URAGANO
No dia 1º de setembro de 2010, 20 meses após ter assumido o cargo, Artuzi é preso junto com o ex-vice-prefeito, a ex-primeira-dama, nove ex-vereadores, secretários e empresários do município, acusado de chefiar um esquema de fraude em licitações para desvio de recursos públicos, em nova operação desencadeada pela Polícia Federal, desta vez, batizada de Uragano.
A cidade entrou no mapa da mídia nacional como exemplo de como ‘não se fazer política’ e alçada aos escândalos recentes de corrupção. Imagens do prefeito, assessores e parlamentares rodaram o país, tudo gravado pelo delator e ex-assessor de Artuzi na época, Eleandro Passaia.
Artuzi ficou por 90 dias detido entre as celas da Polícia Federal de Dourados, Presídio Federal e Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), ambos na capital – e renunciou o cargo de prefeito de dentro da prisão.
Sem prefeito, vice e presidente da Câmara – todos presos na ação - Dourados sofreu a intervenção do judiciário através do juiz de Direito, Eduardo Machado Rocha e, posteriormente, a então eleita presidente da Câmara de Vereadores Délia Razuk assume o cargo, repassando à Murilo Zauith, eleito após eleição extemporânea em janeiro de 2011.
Antes de morrer, Artuzi recebeu a notícia de que o juiz José Domingues Filho, havia julgado improcedente as ações civis públicas contra ele.
douradosnews
Jhonatan Xavier