Assassino que ateou fogo em corpos de mãe e bebê tem prisão preventiva decretada

João Augusto de Almeida confessou crimes e disse que matou porque não aceitava pagar pensão

DOURADOS INFORMA


João passou por audiência de custódia na manhã desta quinta-feira (Foto: Reprodução)

João Augusto de Almeida, de 21 anos, assassino de Vanessa Eugênia e da bebê Sophie Eugênia, de apenas dez meses, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Conforme noticiado no início da semana, mãe e filha tiveram os corpos carbonizados e encontrados num terreno no Indubrasil, em Campo Grande.

João passou por audiência nesta quinta-feira (29/5). Ele foi preso quando registrava um boletim de ocorrência pelo desaparecimento de sua esposa e filha horas após cometer o duplo feminicídio.

O crime chocou até os policiais mais experientes que ouviram o depoimento de pouco mais de 36 minutos de João. Aos agentes, o homem chegou a falar que odiava Sophie.

Já está com a polícia imagens de câmeras de segurança de um posto de combustíveis que mostra o autor comprando gasolina no dia 26 deste mês. João aparece de camiseta verde e conversando com frentistas.

Depoimento

Em depoimento ao delegado Rodolfo Daltro, titular da DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa), o rapaz falou sobre o começo do relacionamento com Vanessa, quando se conheceram em um aplicativo de relacionamento e passaram a morar juntos, com dois meses de namoro.

Quando questionado sobre como era o relacionamento, João disse que era conturbado, que havia muitas brigas, discussões, que era ciumento e Vanessa não aceitava os pedidos de mudança de comportamento.

Quando Vanessa ficou grávida, João disse ter aceitado a gravidez, mas, depois que Sophie nasceu, ele revelou que passou a ter raiva da filha. Disse ter ódio quando a bebê completou dois meses. “Se eu não tivesse matado ela [Sophie], eu teria doado”.

Apesar de não estar sob efeito de nenhuma droga, João não demonstrou remorso algum pelos crimes. “Ela [Vanessa] disse que ia embora com a pequena e que ia fazer a Sophie me odiar e que, se alguma coisa acontecesse com ela, a bebê ficaria com minha cunhada”, disse João.

Para o delegado, João disse que tinha raiva acumulada desde pequeno e que não conseguiu controlar no dia do crime, depois de uma discussão que teve com Vanessa. “Soltei as correntes”, afirmou o assassino ao tentar justificar a crueldade do crime.

João disse que estava cansado de ter de sustentar a casa e, no dia em que matou a esposa e a filha, teve uma discussão ao chegar à residência, no horário do almoço, quando Vanessa reclamou do leite da filha.

“Eu comprei o leite, o cotonete e ela ainda ficou reclamando. Tentei acalmá-la ao dar um beijo, mas ela me deu um tapa no rosto e foi aí que a explosão de raiva veio”, falou João, que deu um mata-leão em Vanessa. Neste momento, ele revelou que tinha vontade de matar a companheira e só parou quando a viu caída no chão.

Já em relação à filha, ele revelou que Sophie não teve nem tempo de chorar. A bebê teria sorrido para o pai quando o viu no quarto, sem saber que seria asfixiada pelo homem que deveria protegê-la.

Para queimar os corpos, João comprou 13 litros de gasolina. Colocou os corpos no porta-malas e os levou até a região onde foram encontrados carbonizados. João ainda colocou cobertores em cima dos corpos, para que queimassem mais rápido.

“Achava que ia demorar uns dois dias para que encontrassem os corpos”, disse João, que ainda simulou estar preocupado com o desaparecimento de Vanessa e da filha ao ligar para a cunhada.

Para o delegado, ele disse não ter sentido nada ao ver o corpo da filha queimar. “Não senti nada, só voltei para casa e dormi, estava cansado do trabalho”, falou.

‘Não vou pagar pensão para duas mulheres’

“Ele tinha desprezo pela condição de serem mulheres”, afirma o delegado Daltro. Conforme o relato de João, ele disse que não pagaria pensão para duas mulheres.

“Acho que se fosse um filho homem, ele não teria cometido o crime”, desabafou o delegado, ainda chocado com a frieza do rapaz, que nem sequer era usuário de drogas ou tinha passagens pela polícia. O que reforça, mais uma vez, que agressores não têm perfil, não têm cara e estão mais perto do que a gente pode imaginar.



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