Golpistas usaram nome da Receita Federal para enganar morador de Fátima do Sul

CAMPO GRANDE NEWS


Agente da Garras em local onde mandados foram cumpridos na Capital (Foto: Divultgação)

“Sabia que uma hora a casa ia cair”. A frase é de um dos dois golpistas presos em Campo Grande nesta quarta-feira (25), no âmbito da Operação Pneu Furado, deflagrada pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul para cumprir três mandados de busca e apreensão e os dois mandados de custódia preventiva.

Laelso de Souza e Marcio Pereira são acusados de aplicar golpes contra pessoas de boa fé, negociando supostos lotes de pneus apreendidos pela Receita Federal.

O investigado, que afirmou estar “aliviado” por confessar os crimes, costumava usar terno e gravata para se passar por auditor da Receita Federal e “atestar” a papelada apresentada às vítimas.

A investigação foi conduzida pela delegacia de Fátima do Sul e os mandados cumpridos hoje na região do Aeroporto Internacional da Capital e no Bairro Nova Lima, com apoio da Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros).

Ao Campo Grande News, o delegado responsável pelas investigações, Cristiano Hein, de Fátima do Sul, disse que o caso começou a ser apurado em 21 de julho de 2023, quando morador de Fátima do Sul procurou a polícia para denunciar o golpe.

Segundo a vítima, pessoas entraram em contato informando que havia lote de pneus, disponibilizado pela Receita para venda, com “preço atrativo”.

O morador de Fátima do Sul negociou a compra pela internet e foi até Campo Grande, para fechar o negócio. “Passaram até pela Polícia Federal, para conferir CNPJ da empresa, na tentativa de dar aspecto de legalidade. Depois falaram que assim que estivesse ‘tudo certo’ era só fazer o pagamento que entregariam o lote de pneus”, relatou o delegado.

De terno e gravata, um dos golpistas se passou por auditor da Receita Federal e, em frente à delegacia do órgão federal na Capital, atestou que estaria “tudo ok”.

Como supostamente havia passado pela PF e encontrado o suposto auditor, a vítima acreditou que o negócio era legal e transferiu R$ 119 mil na conta indicada pelos golpistas, possivelmente em nome de um “laranja”.

“Após o dinheiro ser transferido, falaram que só faltava ‘pegar a assinatura do chefe’ que estaria tudo liberado. Depois, não voltaram mais e a vítima descobriu que havia caído em golpe”, disse Cristiano Hein.

A polícia descobriu que Laelso de Souza e Marcio Pereira já teriam aplicado o mesmo golpe por três vezes em São Paulo e também em Goiás. A polícia ainda investiga golpe semelhante em Chapadão do Sul, no início deste ano.

Além deles, a Polícia Civil indiciou uma mulher, amante de um dos presos. Segundo o delegado, após o golpe de julho do ano passado, ela recebeu grande quantia em dinheiro em sua conta bancária.

A mulher foi ouvida, indiciada e liberada. Assim como os dois presos, ela foi alvo de buscas. Celulares e cartões de várias contas movimentadas pela quadrilha foram apreendidos.

Arrependido – Segundo o delegado, um dos presos (o que se passava por auditor da Receita) disse que a vida de golpe não dava certo, confessou os crimes e afirmou se sentir “aliviado”, pois sabia que, uma hora, “a casa ia cair” e já esperava ser preso. O outro, a princípio, negou os crimes, mas depois confessou que procurava as vítimas e agenciava os encontros.

O advogado Matheus Pelzl Ferreira foi até a delegacia da Garras, para onde os dois presos foram levados. Ele disse ter sido acionado por familiares após a polícia prendê-los em casa. “Nem sei ainda que operação é”, disse ele.



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