O atual presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Paulo Wanderley Teixeira, aplicou um verdadeiro “ippon', no Futsal do Brasil. O golpe do ippon é a pontuação máxima na disputa do Judô em qualquer categoria. Em ofício à ministra do esporte, Ana Mozer, ele propôs a retirada da modalidade de futsal dos Jogos da Juventude a partir desse ano, por acredita que a existem outras competições nacionais de futsal que poderiam ser mais valorizadas. Por outro lado, o futsal é apontado como principal caminho de abertura para milhares de jovens ao mundo esportivo, diz os especialistas esportivos.

O clima entre os 27 presidentes das federações e da Confederação Brasileira de Futsal com o COB agora não está nada agradável e poderá abrir uma crise de dimensão ainda não mensurável. Isso porque, o futsal é uma das modalidade mais disputada em todo território brasileiro em competições de inclusão social ou início das atividades, sejam em Jogos Abertos, Jogos Escolares, Jogos de Prefeituras e de Estados. Para o presidente da Federação de Futsal do MS, Mauro Ferrari, “a decisão, se mantida pelo Ministério dos Esportes, também vai inviabilizar as presenças de diversos projetos como os beneficiários de bolsa de estudo, bolsa atleta, empregos de treinadores entre outros', relata.

Segundo ofício de resposta ao Ministério dos Esportes, Paulo Wanderley Teixeira, explana que existe a necessidade de adequar o programa de competição dos Jogos da Juventude ao Planejamento Estratégico do COB, em especial objetivo de incentivar a prática de novas modalidades na juventude, além de promover entre os jovens ações que estimulem a prática esportiva de novas modalidades olímpicas.

O presidente ainda argumenta no ofício, que a decisão não teria sido fácil e aponta como extremamente difícil, face à importância do Futsal no Brasil, mas que fundamental aponta que a modalidade é a única a não integrar o programa de competições dos Jogos Olímpicos de Verão.

A Confederação Brasileira de Futsal já reagiu a decisão de Paulo Wanderley, que antes de assumir o cargo esteve durante mais de 20 anos ligado a modalidade do Judô. É sempre bom lembrar, que o judô atualmente é o esporte que mais conquista medalhas em jogos olímpicos, mas que o trabalho de inclusão social, destacado pelo presidente do COB nem se compara com o futsal. A maioria dos judocas é bancado pelos “Pai-trocinadores' em virtude dos altos custos da modalidade, totalmente diferente do futsal.

Nesta terça-feira, uma reunião no Ministério dos Esportes estava agendada e até o final da tarde ainda não houve uma definição sobre a exclusão ou não do futsal dos Jogos da Juventude.

LEIA A NOTA OFICIAL DO MINISTÉRIO DOS ESPORTES

após tomar conhecimento da exclusão do futsal dos Jogos da Juventude de 2023, a ministra do Esporte, Ana Moser, oficiou o Comitê Olímpico do Brasil (COB) pedindo informações sobre a decisão da entidade.

“A notícia da decisão unilateral do COB chegou a este Ministério por meio de manifestações de terceiros em redes sociais, o que não consideramos a forma adequada para a comunicação de fato de tamanha relevância”, destacou a ministra no documento enviado ao COB. Ana Moser manifestou, ainda, o posicionamento contrário à tomada de decisão.

O Ministério do Esporte informou que tem recebido em suas redes sociais grande número de manifestações contrárias à medida e pediu que os membros do COB se sensibilizem em relação aos protestos dos atletas e dos atores sociais. O ofício ressalta a necessidade de diálogo entre o COB e o Ministério do Esporte, visto que uma competição de tamanha importância se reveste de interesse público e não pode ser considerada meramente um evento privado.

No texto do documento enviado ao COB, a ministra Ana Moser alerta que a medida representará grande prejuízo ao esporte juvenil em todo o Brasil, visto que o futsal é modalidade amplamente praticada nas escolas, envolvendo enorme número de praticantes, professores e programas esportivos escolares.

“Ressaltamos que o futsal esteve no programa dos Jogos Olímpicos da Juventude Buenos Aires 2018 e está no programa dos Jogos Olímpicos da Juventude Dakar 2026”, argumentou a ministra.

“Consideramos a exclusão dessa modalidade do programa dos Jogos da Juventude 2023 injustificável sob qualquer ponto de vista e solicitamos ao Comitê Olímpico do Brasil informar oficialmente a este Ministério os critérios adotados e a fundamentação da decisão de exclusão do futsal dos Jogos da Juventude 2023.”

LEIA A NOTA DA CONFEDERAÇÃO DE FUTSAL  A CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE SALÃO (CBFS) entidade nacional de administração do Futsal bem como as Federações de Futsal do Brasil, foram surpreendidas com a informação de exclusão do Futsal dentre as modalidades desportivas dos Jogos da Juventude.

A decisão do COB, além de unilateral e decepcionante, está em confronto com diversos princípios estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, em especial o dever do Estado de fomentar práticas desportivas formais e não-formais de crianças e adolescentes.

Milhares de jovens foram atingidos com tal atitude repentina. Afinal, os Jogos da Juventude têm como primordial função fomentar o esporte de base, reunindo atletas dos 26 Estados Brasileiros e do Distrito Federal na faixa etária até 17 anos.

O Futsal é uma modalidade consolidada e tradicional, que promove a inclusão e a disseminação de princípios éticos e morais na formação de cidadãos e cidadãs para nossa sociedade. Além disto, através do contato com a bola em um espaço relativamente reduzido, desenvolve a coordenação motora de forma lúdica, além de ser também base formadora do Futebol. Na Copa do Mundo de Futebol 2022, 10 jogadores dos 26 convocados iniciaram no Futsal. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021, a Seleção Brasileira Masculina, bicampeã olímpica, 13 dos 22 jogadores convocados iniciaram no Futsal.

Por essas e diversas outras razões, não entendemos a decisão unilateral do COB em retirar de forma arbitrária o Futsal dos Jogos da Juventude, evento base para os Jogos Olímpicos da Juventude.

Estamos apoiados pelas 27 Federações Estaduais, pela ABAFS – Associação Brasileira dos Atletas de Futsal, pela ABTFS – Associação Brasileira dos Treinadores de Futsal, pela ANAFUTSAL – Associação Nacional dos Árbitros de Futsal, pela coirmã Confederação Brasileira de Futebol, pela Liga Feminina de Futsal, por atletas de renome do Futsal brasileiro e por todos os admiradores da bola pesada, conforme notas publicas das citadas entidades corroborando o pleito que encaminhamos em anexo.

A relação entre a CBFS e o COB sempre foi de respeito e colaboração mútua, razão pela qual buscaremos um ajuste de entendimento entre as entidades, mas não se pode permitir que haja a manutenção de decisão tão deletéria ao Futsal, esporte genuinamente brasileiro.

Informamos que já abrimos conversas com o COB e o Ministério do Esporte para tratar do referido assunto.

ESPORTEMS