ELEIÇÕES
Impopularidade isola Alan Guedes durante a corrida eleitoral de 2022
Prefeito de Dourados deve apoiar Eduardo Riedel ao governo; a aparição deles juntos parece ser evitada
Um ano e quatro meses após assumir o comando da maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul, Alan Guedes (PP) tem como desafio a superação da impopularidade fruto de medidas propostas e a ausência de diálogo com categorias do funcionalismo e agentes de representação popular.
No período eleitoral, Alan Guedes deve apoiar Eduardo Riedel (PSDB) no projeto de sucessão ao governador Reinaldo Azambuja. A proximidade deles, entretanto, evita aparições públicas.
Aliados de Riedel asseguram que Guedes não é bem-visto no palanque tucano, especialmente em um período de grande esforço pela adesão ao nome do braço-direito de Azambuja no maior colégio eleitoral do interior.
O vice-prefeito de Dourados, Guto Moreira (Podemos), já decidiu oferecer suporte a uma das principais pedras no sapato de Riedel, a deputada federal Rose Modesto (União Brasil).
Guto Moreira, que no período da campanha, em 2020, foi posicionado como um dos melhores amigos de Guedes no sonho de uma Dourados melhor, teve seu protagonismo sufocado e escanteado.
Ele deve disputar uma das vagas para a Câmara dos Deputados nas eleições deste ano. A atividade mais relevante ocorreu recentemente, quando assumiu o comando da cidade em março durante uma semana, em razão de viagem de Alan Guedes aos Emirados Árabes em missão organizada pelo Sebrae-MS.
A vantagem é que Guedes ainda conta com uma base forte na Câmara Municipal de Dourados, onde pelo menos 12 parlamentares estão declaradamente alinhados com o governo municipal nas tramitações apresentadas pelo chefe do Executivo. Entretanto, a estabilidade está em jogo.
A sinalização de que a articulação de Alan Guedes na Câmara estava fragilizada ocorreu diante dos mais de 50 dias sem uma liderança definida. A líder anterior, Daniela Hall (PSD), deixou o posto de representação do Executivo em 22 de fevereiro, após mais de um ano de defesa ferrenha às medidas propostas pelo gestor municipal.
Entre os enfrentamentos de maior relevância para o Poder Executivo, Daniela ajudou a viabilizar a aprovação de projeto de lei que concedeu bonificação salarial de 60% para gestores cedidos de outras esferas com ônus para o cofre do município, além da implementação da taxa do lixo e do aumento do salário de prefeito, vice e secretariado.
Recentemente, na troca de chefia da Secretaria de Governo, com a saída de Henrique Sartori (Republicanos) para disputa eleitoral, o primeiro ato do novo gestor da pasta, Wellington Henrique Rocha de Lima, foi participar de sessão na Câmara em que acolheu pedido de parlamentares da base.
A principal reclamação gira em torno da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, alvo de críticas pela demora no atendimento às indicações de parlamentares e pela falta de interlocução com os vereadores que desejam aparecer na foto de prestação de serviço.
PROBLEMAS
Maior cidade do interior do Estado, Dourados sofre com buracos e falta de limpeza urbana e paisagismo nas avenidas principais, além do abandono de prédios públicos, praças e parques.
Na Educação, Alan Guedes encara maiores desafios. A relação com o funcionalismo vem ficando cada vez mais fragilizada em razão da negociação salarial, que não avança. Magistério e servidores administrativos da Pasta chegaram a ficar mais de 20 dias sem aulas, em uma greve que foi marcada por protestos e ataques nas redes sociais.
Somado a isso, a Câmara Municipal de Dourados abriu Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a fundo o contrato de R$ 8,7 milhões com empresa fornecedora de kits de robótica para a Rede Municipal de Educação.
O agravo na popularidade de Alan com a compra dos kits de robótica se dá pelo fato de as escolas e creches municipais sofrerem com estrutura precarizada.
Na segurança pública, o deficit da Guarda Municipal é ignorado. Enquanto isso, praças, parques e estabelecimentos públicos sofrem com a ação de vândalos e criminosos.
A “luz no fim do túnel” para a gestão é o financiamento de US$ 40 milhões junto ao Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata), com discurso semelhante ao de Juscelino Kubitschek no Plano de Metas, cujo lema era “50 anos em 5”.
Pessoas mais próximas de Alan Guedes asseguram que, a partir da concessão definitiva do recurso, projetos empreendidos em Dourados levarão a cidade a outro patamar.
O Correio do Estado solicitou à prefeitura de Dourados posicionamento referente aos fatos apresentados na reportagem, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
SAIBA
A “luz no fim do túnel” para a gestão de Alan Guedes é o financiamento de US$ 40 milhões junto ao Fonplata.
Com discurso semelhante ao de Juscelino Kubitschek no Plano de Metas, cujo lema era “50 anos em 5”, a partir da concessão definitiva do recurso, a expectativa é de que projetos empreendidos em Dourados levarão a cidade a outro patamar.
correio do estado
VINÍCIUS ARAÚJO