MS
“Lista suja” do trabalho escravo tem 13 de MS e até fazenda de Leonardo
Maioria fica no Pantanal, mas tem propriedades também em Dourados, Laguna Carapã e Ponta Porã
CAMPO GRANDE NEWS
Treze empregadores de Mato Grosso do Sul foram incluídos na “lista suja” de trabalho escravo, divulgado pelo governo federal nesta segunda-feira (7). São fazendas, sítios e chácaras onde pessoas em condições de trabalho análogas à escravidão foram resgatadas. Até a Fazenda Talismã, do cantor sertanejo Leonardo, está na lista nacional.
De acordo com o site Campo Grande News, Corumbá lidera o número de ocorrências. Dos 13 empregadores listados, seis têm propriedades no município que faz fronteira com a Bolívia.
Integram a “lista suja” a Fazenda Pousada do Sul, Sítio Retiro Tamengo, Fazenda Santa Rute, Fazenda Nossa Senhora Aparecida, Fazenda Bandeiras e a Fazenda Baía do Cambará/Porto dos Milagres.
O maior número de empregadores explorados foi registrado na Fazenda Umuarama, em Naviraí. No local, 44 pessoas foram encontradas durante a ação fiscal, em 2022. A inclusão do nome da empresa JC Mecanização e Plantações Agrícolas LTDA foi feita somente em 2024.
Em Angélica, 31 trabalhadores que eram submetidos a situações precárias de serviço foram localizados na Fazenda São Joaquim, em 2023, na zona rural do município. A inclusão do empregador na lista suja foi feita em abril deste ano.
Campo Grande também aparece no documento que traz o nome de Fazenda Três Marias. Na propriedade, três pessoas eram empregadas em condições análogas à escravidão.
Em Aquidauana, na Fazenda Nossa Senhora Aparecida, o número de empregados chegou a 11. Já em Ponta Porã, na Fazenda Pindorama, oito pessoas eram empregadas.
Em Dourados, na Fazenda Marreta, o número de trabalhadores envolvidos chegou a sete. Encerrando a lista tem a Chácara Sossego, localizada em Laguna Carapã. O empregador mantinha seis pessoas em condições precárias de serviço.
Leonardo
Emival Eterno da Costa, o cantor Leonardo, foi incluído pelo governo na 'lista suja' do trabalho escravo. O documento explica que a entrada do cantor na lista se deve a uma fiscalização realizada na Fazenda Talismã, avaliada em R$ 60 milhões e localizada em Jussara, na região noroeste de Goiás.
A propriedade de mil hectares tem como principal atividade a pecuária bovina. No local, há mais 5 mil cabeças de gados, que estão disponíveis para recria, engorda e vendas em leilões. A fazenda recebe o nome Talismã, um dos maiores sucessos da dupla Leandro & Leonardo, de 1990.
Pedro Vaz, advogado do cantor Leonardo, falou ao g1 que a situação causa estranheza porque, desde 22 de agosto de 2022, a área em questão está arrendada para o cultivo de soja, não sendo, portanto, de responsabilidade de Leonardo a gestão dos funcionários envolvidos. Segundo a defesa do cantor, quando o Ministério Público do Trabalho se manifestou, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi firmado, e "todos os problemas foram resolvidos", mesmo sem serem de responsabilidade direta de Leonardo, dado o arrendamento da fazenda.
"Como a matrícula estava em nome do Leonardo, o Ministério Público do Trabalho propôs a ação. Na audiência, a gente apresentou o contrato de arrendamento e aí tudo foi esclarecido, mas pra que evitasse qualquer tipo de problema, nós pagamos todas as verbas indenizatórias naquele momento mesmo e tudo ficou sanado", explicou o advogado.
Também de acordo com o advogado, as indenizações devidas foram pagas, e o acordo proposto pelo Ministério Público foi aceito, resultando no arquivamento dos processos. A defesa informou que "estão sendo tomadas as medidas necessárias para remover o nome de Leonardo da lista mencionada".