Escola de Segurança Máxima???


Seria cômico, se não fosse trágico. É impressionante como a cada caso noticiado pela mídia com estardalhaço e "forçando a mão " um pouco além do necesário, apareçam "santos milagreiros" com as mais diversas soluções para o problema. A classe política se apressa em propor leis, com os autores, claro, divulgando aos quatro ventos que estão propondo as leis. Nas redes sociais o assunto vira "febre", com muitos irresponsáveis aproveitando para, dando maior dimensão ao fato do que ele merece, ganhar umas curtidas ou likes a mais. Se se tratar de crime, a primeira inspiração que vem aos legilsadores é "apertar o nó". Se o crime foi cometido por um menor, por exemplo, vamos reduzir a maioridade penal. E por aí vai...
Feita esta introdução, o Voz da Comunidade se solidariza com os familiares de estudantes (muitos deles adolescentes ainda e com um enorme caminho da vida pela frente ) que foram vitimas de ataques nos locais onde buscavam, através da educação, se preparar para esse futuro que não virá mais.
Por outro lado, sugere que deixemos de tapar o sol com a peneira, que acabemos com essa história de soluções mágicas, superficiais, que combatem o efeito e não a causa. Vamos pelo menos diminuir a hipocrisia.
Todos sabemos que a violência no âmbito escolar decorre de uma organização social debilitada. De um salário mínimo que mal dá para o pai e a mãe colocarem o pão na mesa. Do pouco convivio familiar e do covivio muitas vezes conturbado. Muitas crianças estão com o pai e a mãe presos. Outros convivem com a violencia diariamente, tendo como quase única referência o bandido mais perigoso, que usa tenis da moda e tem a "mina" mais bonita. Esses fatores justificam que, em um momento de desgoverno das emoções ou mesmo sem forças para carregar a carga de uma vida pesada saia atirando em escolas, muitas vezes em colegas de sala? Não. Decididamente não. Mas, pelo menos em parte, explica.
Estudos muito sérios mostram que a falha é estrutural. De que maneira a escola está tratando esses jovens, que muitas vezes já vem de ambientes violentos? Segundo esses estudos, a instituição educacional não consegue alterar a realidade violenta, mas pode minimizar os efeitos externos que levam à agressividade. É preciso, portanto, vontade dos educadores, assim como estrutura física e valorização profissional. O elemento-chave para diminuir a violência contra os professores é a interação com a comunidade, com os pais. É preciso estreitar os laços entre o estudante, a família e os professores. Discutir violência com os alunos e com a comunidade e integrar os pais à esfera escolar.
"Acolhimento" é a palavra chave para que os alunos se sintam pertencentes ao espaço escolar e convivam em harmonia nesse espaço.Havendo harmonia, convivencia e amizade (valores que precisam ser ensinados e cultivados não apenas no ambiente escolar, mas no ambiente familiar e na sociedade como um todo) o aparato policialesco se torna desnecessário, embora seja sim necessárias medidas pontuais, como o botão do pânico. Outras, além de pouco eficazes, podem piorar o ambiente escolar, criando um clima hostil que, por sua vez, serve de combustivel para a violencia. Na Escola Estadual Presidente Vargas, contem 2.300 alunos, raramente ocorre um caso de bulling, por exemplo. E não acontece porque a escola investe na conversa, nas atividades culturais que propiciam o convivio, a amizade,a integração e interação entre os alunos.
Voltando à "criatividade" gerada pelos casos que comovem a todos, tem sido defendido, aqui e em outras cidades, Câmeras nas entradas e saídas, dois policiais em cada escola, uma viatura para cada escola e muitas outras de questionável eficácia e quase impossivel implantação. Sobre os dois policiais em cada escola, porquê ao invés da medida (que se somada às outras propostas criaria uma espécie de "Escola de Segurança Máxima") não se destaca dois policiais para cada bairro para combater o tráfico, a violência doméstica e tantos outros males que fazem parte do dia a dia de muitos alunos, interferindo de forma negativa em sua formação moral e psicológica?
Com a palavra as autoridades.


Redação voz dourados.



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