Herbário da UFGD abriga 7.000 espécies

Espaço permite estudo científico de coletâneas


Coletânea permite análise em detalhe das amostras - (Foto: Divulgação)

A Universidade Federal da Grande Dourados abriga um dos 192 herbários do país. A coleção é da FCBA (a Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais) e conta, hoje, com cerca de 7 mil espécies vegetais disponíveis para atender atividades de pesquisa científica na graduação e pós-graduação, tanto da universidade quanto de outras instituições. Além disso, apoia ações na área de educação não apenas no ensino superior, mas também no ensino fundamental, especialmente junto a escolas de Dourados, com projetos de educação ambiental.

Com uma das maiores biodiversidades do planeta, o Brasil possui mais de 40 mil espécies de plantas, o que corresponde a cerca de 11% da flora mundial. Isso torna os biomas do país extremamente relevantes para a conservação da biodiversidade do planeta, daí a importância do levantamento da flora que fica registrado nas coleções botânicas, os herbários.

Herbário é uma coleção de espécies vegetais que contém, além das plantas, informações como seu nicho ecológico e morfologia. Depois que as amostras são prensadas e secas e recebem a devida identificação, são chamadas de exsicatas. Esse trabalho é extremamente importante para se conhecer a biodiversidade vegetal de um determinado ecossistema para que, a partir disso, diversas medidas sejam tomadas para proteção e conservação da flora.

De acordo com o curador do Herbário DDMS (da UFGD), Augusto Giaretta de Oliveira, essas coletâneas ajudam, ainda, a entender o impacto das mudanças climáticas. E, tendo em vista que armazena coletas independentemente do tempo em que foram realizadas, um herbário também é fonte histórica. “É possível estimar, por exemplo, qual era a composição florística de áreas hoje ocupadas apenas por zonas urbanas, pastagens ou plantações. Além disso, os dados trazem informações valiosas como o uso medicinal de algumas plantas. E é impossível não associar plantas medicinais com comunidades tradicionais, portanto, a história e a cultura dessas comunidades transparece por meio dos nomes populares, das lendas associadas a algumas plantas e também do uso, seja alimentar ou medicinal”, enfatiza o pesquisador.

Educação e pesquisa

De acordo com um levantamento feito com 139 coleções científicas de amostras de plantas, publicado em abril de 2020 na revista Acta Botanica Brasilica, as universidades federais abrigam 40,28% dos herbários brasileiros. A UFGD entra nessa conta com amostras do Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Amazônia e até de outros países, como Guiana Francesa. Augusto explica, ainda, que a coletânea da universidade abriga 51 espécies ameaçadas de extinção, como Cedro (Cedrela fissilis), Guatambu (Aspidosperma parvifolium), Catuaba (Anemopaegma arvense), Jequitibá-rosa (Cariniana legalis) e Bicuíba (Virola bicuhyba).

 
Atualmente, existem 11 projetos em andamento na UFGD por meio de parcerias entre o herbário e graduações como Ciências Biológicas, Zootecnia, Agronomia, Biotecnologia e cursos de pós-graduação. Os pesquisadores não se beneficiam apenas em casos que a identificação de plantas é necessária para a continuação de pesquisas, as exsicatas da UFGD também são usadas como referência para trabalhos de ilustração botânica, fornecem material para extração de DNA vegetal, para análises químicas ou anatômicas, exposições, estudos de aplicação de biocompostos, de propriedades medicinais e como apoio a ações didático-pedagógicas. Essas últimas beneficiam diretamente a população externa à universidade.

O professor Augusto destaca que existe uma parceria com o Imasul, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul e o Herbário para criar uma lista florística melhor fundamentada do Parque do Paragem, em processo de implantação em Dourados. A intenção é, dentre outras coisas, criar chaves de identificação para espécies do Paragem que sejam acessíveis e também sirvam de material para educação ambiental. “Um dos projetos é fazer essa chave de multientrada para a trilha ecológica do parque, com muitas ilustrações e que possa ser acessada de qualquer dispositivo eletrônico, como celular ou tablet. Assim a pessoa poderá pegar uma flor ou fruto e conferir a que espécie a planta pertence”, explica o curador do herbário.

Existe outro projeto, ainda em fase de implementação, em parceria com a Escola Municipal Profª Avani Cargnelutti Fehlauerani, que pretende combater o processo chamado de “cegueira botânica” ou “invisibilidade botânica”, que consiste na falta de atenção para o componente vegetal, tão presente no cotidiano. O objetivo é despertar o interesse das crianças pela botânica, por meio da construção de uma horta sensorial, que será acompanhada de diversas atividades sobre a temática. “Uma atividade interessante que fazemos com crianças é o Diário Botânica. Pedimos que elas anotem todos os contatos que tiveram com plantas em um dia, seja a planta em si ou derivados dela. Temos plantas na madeira da cama, no pão, na cola de componentes eletrônicos, em óleos essenciais na pasta de dente, e assim vai. Geralmente se chega à conclusão que as plantas são muito mais presentes na vida do que imaginávamos”, detalhou o professor Augusto.

 

Douranews



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